NUM-SE-PODE: Espaço de afecto do corpo cênico feminino
RESUMO:
Esta pesquisa se debruçou sobre o processo de criação e análise da performance artística denominada “Num-se-Pode”. Trata-se da construção do corpo cênico feminino como espaço de afecto na abordagem de um mito de Teresina, estado do Piauí (Brasil): a Num-se-Pode, uma mulher que surge no espaço público e cresce causando espanto e assombrando os notívagos. O objetivo deste trabalho é descrever e refletir sobre como me apropriei da dor, luta e resistência de um eu feminino de performatividades seculares e me fiz máscaras, imagens, identidades que se revelaram “Num-se-Pode”. Segui o rastro intuitivo, em que aportei em universos hiperfísicos de textualidades do corpo enquanto etnografia de gênero. Apresento-a em três segmentos: Num-se-Pode, memória e contextualização do espaço cênico no corpo feminino; processos de identificação e gestação das máscaras da Mulher Capivara, Esperança Garcia e Num-se-Pode; e abordagens simbólicas e políticas na performance artística . Como suporte teórico busquei os estudos da performance de Richard Schechner e Victor Turner e, quanto às questões de gênero, em estudos feministas, relacionando-os com identidade, memória, espetacularidade, matrizes e saberes populares. Os resultados desta pesquisa apresenta as interfaces do corpo cênico na apropriação dos conteúdos do mito – potência, poética, signos - como elementos de um projeto artístico que buscou revelar o processo criativo em performance e a potência transformadora do mito da Num-se-Pode no corpo-gênero e em suas liminaridades poéticas e políticas.