– “Eu gosto de escutar música todo dia […] Todo jovem gosta” – “Escutar música já faz parte da minha vida” JOVENS, ESCUTA DIÁRIA DE MÚSICA E APRENDIZAGEM MUSICAL

Discente: 
Állisson Popolin
Tipo: 
Dissertação
Curso: 
Mestrado em Artes
Data da Defesa: 
Fri, 05/25/2012
Palavra Chave: 
Jovens; escuta diária de música; tecnologias; aprendizagem musical.

Resumo: O objetivo deste estudo foi identificar o que jovens aprendem de música ao vivenciá-la por meio da experiência cotidiana da escuta de música utilizando as tecnologias digitais. A investigação foi desenvolvida no campo da Educação Musical na sua abordagem sociocultural. Tomando como pressupostos que se aprende música nas atividades do dia-a-dia, e que os jovens escutam música regularmente, às vezes sem a intenção de aprender música, a questão de pesquisa que norteou o trabalho foi: “O que os jovens aprendem de música em suas experiências musicais cotidianas de escuta, mediadas pela tecnologia, nos dias atuais?” O referencial teórico abrangeu a teorização de Stockfelt (1997, 2004) em “Modos adequados de escuta”, destacando como a escuta de música é uma experiência ativa, bem como, sublinhando a complexidade desta prática musical.

Os procedimentos metodológicos utilizados foram de natureza qualitativa, mas com alguns dados quantitativos. As técnicas de coleta de dados compreenderam: um questionário, Grupos Focais, entrevistas semiestruturadas focalizadas. Os jovens da pesquisa eram estudantes do primeiro ano do Ensino Médio em uma escola pública da cidade de Araporã, MG. Todos os 51 jovens das turmas matutinas dessa série responderam ao questionário; 20 deles compuseram quatro grupos focais e 16 foram entrevistados. Os resultados indicaram que os jovens que já tocavam instrumentos musicais expressavam intenção de aprender mais sobre música por meio de suas experiências de escuta. Já os jovens que não tocavam instrumentos, essa intencionalidade estava ausente em grande parte do que relataram. Entretanto, apesar dessa não intencionalidade, os jovens demonstraram em suas falas, gestos e atitudes terem construído conhecimentos de gêneros e estilos musicais (sons, instrumentação, timbre vocal, ritmo, técnica instrumental entre outros) bem como conhecimento para usar a música em várias situações da vida cotidiana (regulação do humor, sentimentos, ao fazer alguma coisa, para gerar respostas). Também aprenderam a responder emocionalmente e corporalmente à escuta de música em diversas circunstâncias socioculturais. Além disso, a prática de escutar música mostrou ser constituidora de identidade juvenil em aspectos como estilo, aparência, linguagem, gestos e comportamentos. Este estudo contribuiu para uma compreensão de como a prática de escuta de música mediada pela tecnologia acontece entre os jovens que participaram da pesquisa e o que aprendem de música por meio dessa experiência. Foi também visível entre esses jovens que a experiência da escuta é ativa, ampla e complexa. Os resultados desta investigação podem ajudar a Educação Musical a ampliar a concepção de escuta de música no sentido de não se limitar a um "caminho certo, ou modo melhor ou superior de escutar". Eles também podem contribuir para uma Educação Musical mais ampla que considera os modos dinâmicos de escuta, as suas diferenças e características, sem hierarquia entre si.

Banca/Orientador(es): 
Profª. Drª. Margarete Arroyo
Banca / Examinador(es): 
Profª. Drª. Cristina de Souza Grossi (UNB) Profª. Drª. Cintia Thais Morato (UFU)